Mal de Parkinson: estimulação elétrica da medula espinhal pode ajudar no tratamento, segundo pesquisa de cientista brasileiro publicada na Science
Pela primeira vez a revista Science dedica sua capa à pesquisa de um brasileiro.
O neurocientista e pesquisador Miguel Ângelo Laporta Nicolelis desenvolveu uma técnica cirúrgica baseada na estimulação elétrica da medula espinhal para ajudar pacientes com Mal de Parkinson.
A nova técnica cirúrgica é baseada na estimulação elétrica da medula espinhal, que é um novo tratamento potencial para pacientes com Mal de Parkinson e que pode influenciar também o tratamento de outras doenças.
O pesquisador trabalhou com camundongos saudáveis, que receberam uma medicação para manifestar sintomas semelhantes aos do Mal de Parkinson, e ratos com lesões na medula espinhal que causam paralisia permanente. Nos dois casos, foram implantadas uma prótese na medula espinhal das cobaias.
Esta prótese disparou estímulos elétricos diretamente na medula espinhal. Cerca de três segundos após cada disparo, os sintomas de paralisia cessaram, os animais começaram a andar e os sintomas semelhantes aos do Mal de Parkinson desapareceram.
O implante na medula foi usado para, através de estímulos elétricos, injetar ruído no cérebro dos ratos, de tal maneira a tornar a concentração de disparos que causa o descontrole motor mais caótico. A criação desse caos mostrou-se benéfica para o cérebro. A elevação do ruído restabeleceu o controle sobre os movimentos.
A vantagem da estimulação na medula é que ela pode ser feita logo no início da doença e é menos invasiva do que o implante de uma prótese dentro do cérebro, tratamento usado hoje em dia para pacientes que desenvolveram tolerância às medicações
tradicionalmente usadas no tratamento
dos sintomas de Parkinson.
Quando a nova cirurgia é combinada à medicação tradicional, eles só precisam usar um quinto da dose convencional, não havendo efeitos colaterais e reduzindo o risco do desenvolvimento desta tolerância à medicação.
A previsão é de que, em 2009, as pesquisas sejam replicadas em saguis, no Instituto de Neurociência de Natal. Se os resultados forem semelhantes aos obtidos com ratos, os testes clínicos com humanos poderão ser iniciados em 2010.
Fonte: Science - Volume 323 de 20 de março de 2009