DIRETRIZES EUROPÉIAS ATUALIZAM O TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA ENXAQUECA
Autor: Scott Baltic
Diretrizes atualizadas, recém publicadas por uma força tarefa da European Federation of Neurological Societies, agora aconselham o uso de medicamentos antiinflamatórios não esteroidais orais e triptanos, precedidos por antieméticos como a metoclopramida ou a domperidona, para o tratamento agudo da enxaqueca.
O Dr. Stefan Evers, da University of Munster, Alemanha, e colaboradores publicaram as diretrizes na edição de setembro do European Journal of Neurology.
Ele contou à Reuters Health por e-mail que, além da recomendação observada acima, as diretrizes, revisadas pela última vez em 2006, incluem apenas mudanças relativamente menores:
- O zolmitriptano em comprimidos e em spray nasal e o rizatriptano em comprimidos foram considerados efetivos em crianças e adolescentes.
- O topiramato é recomendado para o tratamento profilático de enxaqueca crônica.
- A toxina botulínica A não é considerada efetiva na enxaqueca episódica.
Ele observou que, em contraste com a prática comum nos Estados Unidos, na Europa, tipicamente, os “antidepressivos não são recomendados como primeira escolha para a profilaxia da enxaqueca”.
O Dr. Stephen D. Silberstein, diretor do Jefferson Headache Center na Thomas Jefferson University, Filadélfia, defendeu o uso dos antidepressivos para a enxaqueca, contando à Reuters Health por telefone que as “evidências para o uso de antidepressivos tricíclicos são muito boas”.
Ele também afirmou que esta diferença nas abordagens de tratamento européias e norte-americanas reside parcialmente em diferentes definições do que constitui a enxaqueca.
Silberstein contou que espera ver um dia um conjunto de diretrizes unificadas e mundiais para o tratamento medicamentoso da enxaqueca.
As novas diretrizes foram desenvolvidas através de uma revisão da literatura relevante em inglês, francês ou alemão a partir do final de 2008.
Membros da força tarefa tiveram que concordar unanimemente em todas as recomendações.
Embora os médicos com frequência administrem antieméticos antes dos analgésicos, para evitar vômitos e aumentar a absorção, o trabalho observou que nenhum estudo prospectivo, randomizado, controlado por placebo, provou que esta prática alcança o seu objetivo.
Os autores complementaram que não existem evidências de que a combinação de um antiemético com um analgésico aumente a efetividade do analgésico.
Para vários ataques graves de enxaqueca, as diretrizes recomendam o ácido acetilsalicílico intravenoso ou o sumatriptano subcutâneo como medicamentos de escolha.
O estado de mal enxaquecoso, no qual a enxaqueca dura mais de 72 horas sem interrupção, “pode ser tratado com corticosteróides, embora isso não seja universalmente considerado útil, ou diidroergotamina”, segundo as recomendações.
Para a profilaxia da enxaqueca, betabloqueadores (propranolol e metoprolol), flunarizina, ácido valpróico e topiramato são os medicamentos de primeira escolha.
As diretrizes também incluem recomendações para situações específicas, como emergências, enxaquecas menstruais, na gravidez e em crianças e adolescentes.
Eur J Neurol 2009;16:968-981.