CRIPTOCOCOSE
A criptococose é a principal micose que atinge o SNC, sendo de distribuição mundial.
É causada pelo Cryptococcus neoformans (nome antigo: Torula histolytica), um fungo arredondado (levedura), com diâmetro de 4 a 7 mm, que se reproduz por brotamento simples. O fungo é circundado por espessa cápsula gelatinosa mucopolissacarídica (3 a 5 mm), que se cora com o PAS ou mucicarmim.
O criptococo é encontrado como saprófita no solo, em frutas estragadas e particularmente em fezes ressecadas de pombo (uma grama pode conter 50 milhões de C. neoformans).
Não é descrita transmissão inter-humana. A maioria dos casos ocorre em portadores de imunodeficiências (p. ex., AIDS) ou neoplasias do sistema linfóide.
O ser humano se infecta por inalação.
Nos pulmões a doença é via de regra assintomática e de resolução espontânea. Contudo pode haver disseminação hematogênica para o SNC, onde o fungo prolifera no líquor. Geralmente, quando a doença se manifesta no SNC não é mais possível detectar a lesão pulmonar.
Anatomia Patológica
Macroscopicamente, a grande quantidade de fungos que preenche o espaço subaracnóideo dá aspecto gelatinoso ao líquor. Os fungos se introduzem também nos espaços de Virchow-Robin, em torno dos vasos que penetram no tecido nervoso, e aí proliferam, comprimindo-os.
Na superfície de corte, a presença de fungos nesta localização é notada como pequenos cistos de conteúdo gelatinoso, geralmente nos núcleos da base e no córtex cerebral, que são muito sugestivos da etiologia criptococócica.
A dificuldade na circulação liquórica pode levar a dilatação ventricular. Os pacientes morrem por edema cerebral, hipertensão intracraniana e hérnias.
Microscopicamente, a meningite criptococócica se caracteriza pela abundância de parasitas que se multiplicam encontrando muito pouca resistência.
A cápsula mucopolissacarídica tem papel fundamental na patogenicidade do fungo, inibindo a fagocitose e adsorvendo e neutralizando anticorpos.
A reação inflamatória é mínima.
As manifestações clínicas são as de uma meningoencefalite crônica, com cefaléia, irritabilidade, confusão mental até coma, náuseas, vômitos, paresias de nervos cranianos e edema de papila.
Há também febre e rigidez de nuca.
O diagnóstico baseia-se na pesquisa dos fungos no líquor pela técnica da tinta nanquim.
Usa-se um centrifugado do líquor, adicionado de gotas de tinta e examinado ao microscópico entre lâmina e lamínula.
A tinta preenche os espaços entre os fungos, dando um fundo negro contra o qual estes se destacam.
Há pleocitose linfomonocitária, hiperproteinoraquia e hipoglicoraquia.
O tratamento baseia-se na administração endovenosa e intratecal de anfotericina B